O celular estimulando o ensino literário e artístico

06/11/2008 17:03

Objetivos: Utilização do celular nos processos criativos artísticos, incentivo à prática artística e literária e criação de imagens (ilustração) com base em textos literários 

 

Alvo: Estudantes de ensino fundamental

 

Ferramenta: Celular (que contenha câmera fotográfica).

 

Projeto: Os alunos deverão agrupar-se a fim de criar imagens para ilustrar um conto literário trazido pela professora.

Será uma fotonovela (“teatro mudo”) baseada no texto indicado pela professora, fotografada pela câmera de um celular.

A turma será dividida em 4 grupos: cenografia, figurino, fotografia e interpretação. A professora e as orientadoras serão responsáveis pela direção e organização da turma, e etapas.

O tema do conto será adaptado à atualidade, para que os universos de autor e leitor sejam aproximados, facilitando assim, um melhor entendimento do conto.

 

O projeto visa uma maior proximidade do aluno com as artes em geral, assim como, o incentivo à leitura e interpretação de textos e a superação de dificuldades de visualização de “cenas” de textos narrativos.

 

Relatório da tentativa de colocar o projeto em prática

 

Nossa primeira dificuldade foi pensar num celular como ferramenta de ensino, já q em grande parte dos casos (com exceção dos estudiosos de novas tecnologias) tal aparelho não é visto como auxiliador, e sim um problema na prática de ensino, um vilão. Depois de solucionado o primeiro problema, nos deparamos com um novo, desta vez, não de cunho intelectual / ideológico, mas devido ao lugar onde poríamos em prática nosso projeto. Percorremos um total de seis escolas no Estado do Rio e em nenhuma delas, foi possível a realização deste.

 

A primeira tentativa de experimentação do projeto, refere-se a um colégio estatual no município de niterói, onde conversamos, a princípio, com os alunos e professora de artes . E nessa, como todas em outras escolas, a indagação foi sempre a mesma: "huumm, celular???". apesar de gostarem da proposta, esta não foi nem ao menos levada à direção, pois, logo na entrada da escola, havia uma placa com um celular riscado, a fim de chamar atenção suficiente de todos que passavam.

Na segunda, tratava-se de um colégio municipal localizado na Iha . Nesta escola, conversamos com a coordenadora, que se prontificou a nos ajudar, caso não tivesse que enviar para a CRE, uma cópia  do projeto, para que este fosse aprovado. Segundo ela, nós deveríamos voltar a escola no dia seguinte àquele a fim de conversar com a professora de artes. Caso a professora aceitasse, deveriamos então apresentar um projeto por escrito, para q a escola o enviasse à CRE. De acordo com a coordenadora, o projeto deveria levar cerca de 6 meses, somente para ser aprovado, para que pudesse então ser posto em prática. Isso, porque ela não sabia que era com o celular.

Na terceira, uma escola particular, não chegamos ao menos a conversar com a coordenadora, que alegou estar muito ocupada com os afazeres da escola de Jacarepaguá, e que não teriamos tempo o suficiente para aplicar o projeto antes do fim deste período letivo. "Se não temos tempo direito nem para aplicar as provas de primeira chamada, como é que iremos conciliar nossos horários com um projeto de alunas de universidade, que não foram nossas?"

Na quarta, conversamos com uma aluna que nos deu o telefone da escola. Esta pelo menos nos  atendeu, e explicou que este período trata-se do fim do ano letivo, e eles estavam muito ocupados em preparar os alunos pro vestibular, ou seja, não seria possível. Isso tudo depois de ter torcido o nariz quando explicamos que se tratava de um projeto com uso de celular.

A famosa indagação, era sempre acompanhada pela pergunta retórica "Mas não é proibido?"

Na quinta, combinamos em fazer a aula com a utilização do celular com uma amiga de uma das integrantes , professora de artes plásticas em uma de suas turmas de ensino fundamental no colégio em qual leciona, no Méier.

Inicialmente a diretora havia concordado, mas na semana de fazer a aula recebemos o telefonema da professora cancelando. A justificativa foi que a diretora achou melhor não seguir com o projeto alegando falta de tempo e que poderia prejudicar o desenvolvimento da turma com a perda de uma aula.

Na sexta e última tentativa, foi onde chegamos mais perto.

Felizmente tivemos a chance de conversar com a direção sobre o projeto e a direção adorou a idéia, tirando o fato de ter um celular no meio da história, claro.

A diretora então nos prometeu uma sala de audio e vídeo, já que o uso de celular na sala de aula é proibido por lei. Para nossa sorte, a escola entrou num problema de carência de professores, onde muitas vezes um mesmo professor precisava se dividir entre duas turmas. (quando achávamos ter conseguido um lugar, e estávamos nos preparando com relação ao dia da visita.) Esse problema fez com que não conseguíssemos colocar o projeto em prática, já que de acordo com a direção da escola, não poderíamos ficar sozinhas tomando conta de uma turma inteira, numa escola onde não trabalhávamos.

Nos longos dois meses de procura, não conseguimos nenhuma escola que aceitasse nossa sugestão didática, o que ocasionou certo desespero por parte das alunas.

Graças a isso esse relatório trata apenas dos problemas e dificuldades encontradas por nós, alunas, à realização de um projeto educativo, e do preconceito que enfrentamos quando apresentada uma nova proposta didática.

 

Alunas: Giuliana Caetano Pimentel e Lília Cordeiro dos Santos

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