Quando toca o celular no meio da aula e escutamos aquele.... alô!!!!

Estamos vivenciando nos tempos atuais, através de um dos aparelhos que têm feito uma das pontes para a chamada inclusão digital - o celular, um dilema dentro das salas de aula: a proibição ou o seu uso consciente.

É muito complicado para o professor, quando toca um celular no meio da aula e escutamos aquele alô!!! Qual professor que ainda não passou por isso, mesmo que tenha sido baixinho? A situação é ainda mais complicada de lidar com crianças e adolescentes. Hoje, mais do que nunca o celular não se trata de um meio de comuicação para adultos, mas para todas as idades... Até mesmo bebê tem celular de brinquedo. Então, as crianças crescem usando normalmente este objeto.Já faz parte do seu dia a dia. Temos portanto, que nos adaptar, mais é preciso orientar que existem limites para tudo e no caso de celular, nem toda hora é hora de usar.

A tecnologia trouxe muitos benefícios, mas riscos também. Hoje, o celular também virou uma câmera fotográfica e filmadora. Tente fazer uma busca no YouTube sobre vídeos em sala de aula, a quantidade é assustadora, agora imagine que muito desses vídeos mostram situações desagradáveis como, por exemplo, meninos que filmam a coleguinha de saia levantada ou de blusa aberta... Dentro da sala de aula,  é claro, que têm vídeos piores e mais alarmantes com sexo explícito e por ai vai...

O que deve ser feito é um processo de conscientização do uso didático e correto deste aparelho e não a proibição do seu uso, afinal, também faz parte da educação, ensinar aos alunos "educação", saber como, onde em que horas utilizar o celular, direitos e deveres, limites de onde começa o seu espaço e termina quando começa o espaço do outro. Não é só a escola que deve mostrar estas questões, mais os pais também. Afinal, quem não quer o melhor para seus filhos.

A seguir veremos alguns dados que mostrarão o quanto os aparelhos celulares já estão presentes em nossas vidas:

Segundo o IBOPE, jovens de 16 e 24 anos representam 2 quartos dos usuários nas 11 maiores capitais do Brasil.

Segundo dados da Anatel, a quantidade de telefones celulares no país já chega a um aparelho para cada dois brasileiros. Os números dizem respeito à população adulta, mas, de acordo com o levantamento da operadora Vivo, que atua em 8 estados, as crianças não ficam longe disso. O estudo mostra que a venda de aparelhos para usuários na faixa de 7 a 13 anos aumentou 37%, em relação a 2007.

O celular e indispensável para o cidadão viver e interagir em uma grande cidade. Porque as crianças ficariam de fora desta realidade? O celular ajuda na familiarização com a tecnologia, além de facilitar a comunicação e a socialização. As crianças, desde pequenas, devem através de uma educação apropriada fazer uso desta tecnologia de forma objetiva, como algo que pode trazer favorecer a aprendizagem e o conhecimento. 

Para fins de pesquisa, fomos a uma escola particular na cidade de Magé, Estado do Rio de Janeiro e com os professores que se dispuseram a utilizar o celular como material didático, em caráter experimental, trabalhamos com alunos de 15 a 24 anos. Obtivemos ao longo de 30 dias resultados surpreendentes:

Aumento do interesse dos alunos pelas aulas;

Aumento da média da turma em relação aos bimestres anteriores;

Ao longo deste período todos os alunos respeitaram o uso  do celular como material didático;

Na última semana houve maior interesse dos professores mais conservadores em relação ao uso do aparelho, uma vez que o rendimento da turma aumentava. A barreira principal sobre o uso do celular era fazer uso da tecnologia disponível nos aparelhos, quanto as funções avançadas.

Pedimos aos alunos em uma dinâmica, que colocassem seus aparelhos no modo vibratório, ou seja, não proibimos o uso, porém não haveria o inconveniente do toque no momento da tarefa. Sugerimos que o celular fosse sempre utilizado da seguinte forma: atender chamadas do lado de fora da sala e ser breve no assunto, ensinando aos alunos que os verdadeiros prejudicados serão eles mesmos. O resultado foi tão espantoso que eles mesmos propuseram tirar o chip do aparelho, uma vez que não interfere no uso das suas funções como câmera, gravador de voz... E só colocaram com o propósito de usar os serviços de mensagens, internet... Logo isso se tornou uma boa sugestão.

Ao contrario do que era imaginado, aqui foi provado que os estudantes podem se beneficiar desta tecnologia nas escolas, através do uso correto do aparelho.

Para a pesquisa foram avaliados durante um mês, 102 estudantes com idades entre 15 e 24 anos usando seus aparelhos celulares. Usavam os recursos multimídias do aparelho para criar vídeos didáticos, alguns criaram musicas na aula de história e artes com o conteúdo da matéria, usavam  principalmente para gravar as aulas que poderiam se utilizadas como um reforço em casa e poderiam ser passadas para os amigos que faltaram... Sendo assim, utilizados para o aumento da motivação  na aprendizagem. 

Foi muito utilizada a tecnologia de transferência de dados pelo telefone onde os estudantes depois de assistirem as aulas e trocassem informações via mensagens de texto, sobre determinadas tarefas propostas, como debates, seminários... Foram oferecidos aos estudantes, informações pelo celular onde poderiam baixar trechos de aulas em vídeo, gravado pelos professores. Os que não tinham estes recursos de vídeo que representavam pouco menos que a metade dos estudantes, baixavam em áudio e devido a tecnologia de cada celular uns baixavam direto no seu aparelho e outros extraiam de um computador para seu celular (disponibilizado no laboratório de informática da escola).

A iniciativa tornou-se muito benéfica, pois muitos passam um bom tempo no trânsito, não só no trânsito como às vezes, em consultórios médicos, em filas... E esse tempo pode ser usado para estudar . 

A transferência de dados ainda e muito cara e demorada para a maioria dos estudantes, porém isso não impede de tornarmos este material parte do futuro da educação no país, assim acreditamos. E com os avanços tecnológicos esta ferramenta poderá ser usada com recursos cada vez mais rápidos e com menores custos, pois no Brasil já temos 122 milhões de celuláres o equivalente a um aparelho para cada dois habitantes que logo substituirão a telefonia fixa. Mas enquanto isso não acontece, à melhor forma de baratear este custo é o bom e velho trabalho em grupo.

A título de considerações finais, vale transcrever a seguinte noticia publicada no jornal The New York Times de 14 de Abril de 2008:

            O professor de matemática e ciências de uma escola da província de Kwazulu Natal, no leste da África do Sul, Kumaras Pillay, transformou arquivos para formato de celular com informações complementares as aulas. “ Os arquivos falam de livros, métodos de aprendizagem, como a melhor maneira de estudar as pesquisas de Isaac Newton” , disse. O professor tambem formou grupo entre os estudantes e pediu a eles que fizessem pesquisas e interagissem pelo celular.

            O projeto surgiu no ano passado e recebeu neste ano o premio mundial da mais inovadora iniciativa de um professor, oferecido pela Microsoft em um evento em Helsinque, na Finlândia. Ele concorreu com 50 projetos de 45 países, inscritos no programa Parceiros na Aprendizagem que incentiva o uso da tecnologia na educação. 

            O africano criou provas de múltipla escolha que podem ser respondidas e reenviadas ao professor, batizadas de Mtests. Há também bate-papos entre alunos sobre matemática e ciências, pelo celular. Os aparelhos precisam apenas ter conexão com a internet. Na África, esse serviço não é caro; são cerca de 2 (R$ 5) por semana para baixar arquivos.

            “ No meu país, só 20% da população tem energia elétrica e menos ainda tem computador. No entanto, mais de 80% tem celulares, principalmente os jovens”, disse Pillay. A ferramenta esta disponível para outras escolas públicas da província e o site com os arquivos de Mlearning teve 70 mil acessos.    

Aluno: Marcos Moraes